SAÚDE

Sua mão está formigando? Pode ser ansiedade e até sinal de infarto

Luisa Picanço

Resumo da notícia

  • Dormência e formigamento nas mãos geralmente são provocadas quando um nervo é comprimido
  • Em muitos casos, isso ocorre ao ficar longos períodos sem movimentar as mãos
  • No entanto, algumas doenças cardiovasculares e crises de ansiedade podem gerar o problema
  • Por isso, caso a dormência seja frequente, procure ajuda médica

Sua mão e seu braço costumam formigar frequentemente e junto com o incômodo vem a dúvida: “Será que devo me preocupar?”. A resposta é sim, pois quando é recorrente a condição pode ser sintoma de problemas que merecem cuidado, que vão desde questões ortopédicas até ansiedade, doença do pânico e infarto.

Para compreender a relação da dormência com algumas doenças, antes é preciso saber que as mãos são uma das partes do corpo com maior sensibilidade ao toque, pois estão cheias de receptores neurais –daí o motivo de problemas tão diferentes se manifestarem no local.

Esses receptores são conectados ao cérebro por uma rede de nervos que passam pelos braços. Quando um nervo ou um pequeno grupo é danificado ou comprimido, a conexão com o cérebro pode se prejudicar e o resultado disso podem ser os formigamentos frequentes.

É só uma simples dormência?

Ficar muito tempo em uma mesma posição sem mexer o braço pode causar dormência. Neste caso, movimentar o membro em questão por um breve período de tempo tende a resolver o caso e não é necessariamente sinal de doença.

Mas quando a situação persiste ou ocorre várias vezes e ainda vem com outros sintomas, como taquicardia, dor no punho, no peito ou em outras áreas, é importante investigar o problema. Segundo o ortopedista Marcello Gonçalves, especialista em cirurgia da mão pela UFF (Universidade Federal Fluminense), apesar de se manifestar na mão, o problema pode não ter a origem lá. Coração, coluna e até um estado de ansiedade podem ser outras causas desse formigamento. A seguir, explicamos três problemas que geralmente estão ligados à dormência e que é importante saber identificar.

Síndrome do túnel do carpo (STC)

A síndrome do túnel do carpo representa 90% de todas as chamadas neuropatias compressivas (em que há compressão dos nervos), de acordo com um estudo publicado no European Journal of Physical and Rehabilitation Medicine. A doença é mais comum em mulheres na faixa etária entre 40 e 60 anos e em pessoas que fazem movimentos repetitivos, desde o uso do teclado do computador ao de uma britadeira durante uma construção.

Em doenças ortopédicas como essa, o motivo do formigamento ou dormência é justamente associado a compressões de nervos, especialmente o radial, o ulnar e o mediano, principais nervos dos membros superiores, segundo Gonçalves.

Como identificar

Dois dos exames mais comuns feitos para identificar a síndrome são os chamados manobra de Phalen e teste de Tínel. No primeiro, pede-se ao paciente que ele flexione os punhos com o dorso das mãos encostando um no outro e fique na posição por cerca de um minuto para avaliar se o formigamento piora ou a dor aumenta.

Já no teste de Tínel, o médico costuma verificar a sensibilidade do nervo do punho do paciente. Caso exista alguma lesão no nervo, o comum é o toque dar uma espécie de choque. Uma a eletroneuromiografia dos membros superiores pode ser feita para confirmar o diagnóstico.

O problema pode ser tratado com o uso de anti-inflamatórios e fisioterapia. Porém, dependendo do caso, pode haver necessidade de uma cirurgia. Alguns pacientes também relatam melhora com acupuntura.

Hipertensão e doenças do coração

Mãos e braços dormentes também podem ser sintomas relacionados a alguma doença cardiovascular. Uma delas é a pressão alta, que muitas vezes não apresenta sinais, mas também pode gerar dormência. A condição pode levar a problemas sérios como cegueira, insuficiência renal, ataque cardíaco e AVC (derrame), por isso merece muita atenção.

Outro problema que pode gerar formigamento frequentemente ou uma dor irradiada para o punho esquerdo é o infarto do miocárdio, segundo Dany David Kruczan, doutor em cardiologia pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). “Normalmente, o sintoma de infarto vem também com uma dor forte no peito que irradia para o dorso ou para o braço superior esquerdo. O paciente pode ainda ter ânsia de vômito, ficar pálido, sudorese, um mal-estar muito grande”, diz Kruczan.

No consultório, o médico vai avaliar se o formigamento é acompanhado de alguma dor ou se acontece algo com uma mudança de posição do braço, por exemplo. Também vai verificar se a dormência se manifesta ao apertar um ou outro ponto do braço ou punho. “A dor associada a uma doença coronariana não sofre essas influências. Então, com essa avaliação o especialista consegue afastar a hipótese de uma questão mais grave”, explica o cardiologista.

Tanto a hipertensão quanto o infarto podem ser evitados com hábitos saudáveis, como uma boa alimentação, praticar regular de atividade física e redução do estresse.

Síndrome do pânico e outros transtornos de ansiedade

A síndrome, transtorno ou doença do pânico é caracterizada por crises de ansiedade em que a pessoa tem sensações como de quem vai enlouquecer, perder o controle, enfartar ou até morrer. Um artigo científico da Frontiers in Psychology estima que 264 milhões de pessoas vivam atualmente com algum tipo de transtorno de ansiedade, como a síndrome do pânico.

Segundo o psiquiatra Cesar Polli, quando a doença do pânico ainda está no começo, o paciente apresenta como principal sintoma o medo de morrer. “Ele tem realmente a impressão de que vai sofrer um ataque cardíaco, por exemplo. “Esse medo tende a se agravar e então podem surgir outros sintomas físicos, como dor no peito, formigamento e dormência nos membros.

O tratamento do problema é feito com medicamentos e terapia cognitivo comportamental. De acordo com Polli, é importante a conscientização de que paciente sofrendo um transtorno de ansiedade. “Ao entender que aquilo (o medo) não mata, fica mais fácil reconhecer a crise e esperar que ela passe.” Práticas que ajudam a reduzir a ansiedade, como meditação e atividade física, também ajudam a aliviar o problema.

Fonte: vivabem.uol.com.br

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