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Homenagem a Glauber Rocha e Edilson Dhio marcam abertura da 14ª edição da Mostra Cinema Conquista

O longa-metragem “Inferninho”, da dupla de diretores cearenses Guto Parente e Pedro Diógenes, e o curta “Não falo com estranhos”, do baiano Klaus Hastenreiter, abriram, na noite de ontem, 1º, a 14ª edição da Mostra Cinema Conquista. O público conquistense lotou o Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima para acompanhar o primeiro dia do evento, que, este ano, dá continuidade às comemorações dos 80 anos do cineasta Glauber Rocha.

Apesar de ser Glauber o principal homenageado da Mostra, a solenidade de abertura teve início com um pequeno tributo a outro importante artista conquistense: o cantor e compositor Edilson Dhio, que faleceu no última dia 26 de agosto. Em um gesto simbólico de condolência, o cerimonialista Adão Albuquerque recitou para o público presente a canção “Pai chão”, composta por Dhio.

A cerimônia contou com a presença de Marcelo Lopes, presidente do Instituto Mandacaru de Inclusão Sociocultural, do reitor da UESB, Luiz Otávio de Magalhães, da Assessora de Planejamento e Gestão do Governo da Bahia, Maria Marighella, do Secretário Municipal de Cultura, Adriano Gama, e do coordenador e idealizador da Mostra, Esmon Primo.

Segundo Esmon, este ano o evento também busca discutir a atual situação do cinema brasileiro, que, conforme é evidenciado no texto de apresentação da Mostra, vem vivendo “um ano de glórias e de dificuldades”. “O Estado tem que possibilitar o fomento a leis e editais para que os artistas criem [suas produções]. Contudo, nós estamos diante de uma intenção muito grave [por parte do Governo] de bloquear todo tipo de apoio à cultura. Então, os filmes que serão vistos vão exatamente dialogar, questionar e fazer críticas a essa intenção que está posta”, comentou.

Primeiro longa exibido na Mostra, “Inferninho”, apesar de não escancarar seu teor político ao público, traz para o centro de sua trama o romance entre Deusimar, uma mulher transsexual responsável por administrar um bar deixado como herança por seu pai, e o marinheiro Jarbas, por quem ela se apaixona. Dessa forma, o filme coloca em cena um tipo de personagem que assume lugar de marginalidade tanto na sociedade quanto nas produções cinematográficas brasileiras convencionais.

Um dos diretores do longa, Guto Parente, esteve presente na abertura da Mostra e acompanhou a exibição do filme, que, de acordo com ele, retrata pessoas que se unem por conta da vontade que cada uma tem de viver a sua própria fantasia. “No mundo em que a gente vive, os grupos hegemônicos já são constantemente retratados no cinema. E quando a gente fez ‘Inferninho’, sempre pensamos em construir uma história que se passa num bar, que ao mesmo tempo é claustrofóbico e acolhedor, um lugar onde as pessoas podem viver todas as suas fantasias livremente”, disse.

“Inferninho” foi aclamado pelo público presente no Centro de Cultura, mas logo após sua exibição, Guto subiu ao palco da Mostra para reclamar da projeção, que, segundo ele, comprometeu a qualidade do filme. Um erro de sincronização entre o áudio e as imagens já no final do longa também afetou a sessão. A organização do evento, porém, não explicou oficial, até o momento, o ocorrido.

Como já é tradição, o curta-metragem da noite foi exibido antes do primeiro longa da Mostra. “Não falo com estranhos”, de Klaus Hastenreiter, que também estava presente no evento, trata da timidez e da sua relação com o romance patológico e com a idealização do amor. O filme arrancou risadas da plateia.

Além disso, muita gente se identificou com o protagonista do filme, a exemplo da radialista Raísa Lima, que frequenta a Mostra desde 2012. “Eu gosto bastante dessas novidades que a Mostra sempre traz todo ano, tanto de filmes quanto de repertório em oficinas e conferências. Isso faz com que eu também queira experimentar coisas novas”, contou.

Raísa também disse que curtiu bastante o show intimista da artista Ava Rocha, que teve início tão logo foi encerrada a exibição dos filmes. Ava dedicou a apresentação à sua avó, Lúcia Rocha, que faleceu em 2014, e a toda sua família. Ela subiu ao palco acompanhada do musicista Filipe Massumi, que revezou, durante o show, entre voz, violão e violoncelo.

A potente voz de Ava e o caráter performático do show chamaram a atenção do público. Entre as canções tocadas, estiveram algumas do último e penúltimo álbum da cantora – “Trança” e “Ava Patrya Yndia Yracema”, respectivamente. Filha de Glauber Rocha, ela disse, em entrevista, que se sente muito conectada à terra do pai, onde se apresentou pela primeira vez. “Tenho minha ancestralidade aqui e eu me ligo a isso. Sempre quis cantar aqui”, acrescentou.

Para a advogada Ariele Miranda, é muito importante a movimentação cultural que a Mostra promove ao trazer para a Conquista nomes como o de Ava, dentre outros artistas. “Já é um evento muito conhecido na cidade e, dessa vez, nos dá a oportunidade de lembrar da memória do Glauber e tudo que ele representa”

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