Foto: Max Haack/ Ag. Haack/ Bahia Notícias
Ao longo das últimas semanas foi comum receber informações sobre prefeitos que “mudaram de lado” e agora apoiam, para governador, o nome do até então adversário do próprio grupo político. O conteúdo vem, especialmente, do entorno de ACM Neto e Jaques Wagner, mas também dos gestores municipais que gostam da ideia de obter um lugar ao sol nessa disputa acirrada por mídia. Para aqueles que desejam sair candidatos a deputado, é um caminho facilitado para encontrar espaço gratuito na imprensa tradicional, sem muito esforço.
No entanto, por mais que seja prática cotidiana, a conquista de prefeitos é mais simbólica do que prática. É claro que a conta dos votos para uma eleição precisa passar por esses apoios. Nas eleições proporcionais, todos tratam isso como um item básico para conquistar um mandato. Tanto que alguns deputados brigam com foice para manter a ascendência – sendo um ciclo que se retroalimenta, já que prefeitos elegem deputados que elegem prefeitos. Virar a casaca é uma aposta arriscada, que pode fazer com que todos os envolvidos saiam derrotados.
O mesmo não se aplica em eleições majoritárias. Ter uma aliança com prefeito A ou B não significa, necessariamente, que esses votos serão “transferidos”. A conta é ligeiramente mais complexa, dado que, diferente de deputados, os candidatos a Executivo trabalham com promessas de recursos, por exemplo, que têm origem nos orçamentos que eles não controlam integralmente. Tanto que tem sido frequente a avaliação de que o governador é menos importante para um prefeito do que um deputado. E não é tão difícil de entender essa lógica.
Enquanto parlamentares usam emendas para alimentar as bases – ou seja, dinheiro para votos -, o Executivo fica refém de um orçamento engessado, que permite poucas concessões. Esse sistema foi sendo aprimorado ao longo dos anos e, atualmente, tornou menos relevante os laços entre prefeitos e governadores. Ainda assim, por que os candidatos insistem nessa ânsia de divulgar os apoios
Pelo simbolismo que esses atos representam. É como se ter mais prefeitos fosse decisivo para mostrar força, ainda que ela sequer exista. O apoio de prefeitos é importante? Sim. É possível vencer uma eleição sem ele? Sim. A própria história ensina isso, com Paulo Souto em 2006 e sua ascendência sobre a maioria dos prefeitos, e Geddel Vieira Lima em 2010, com as dezenas de prefeitos eleitos pelo MDB dois anos antes e que sequer fizeram cócegas na reeleição de Wagner – que passado tanto tempo usa o mesmo recurso de receber apoio de “traidores” como se isso garantisse uma nova eleição. A guerra por prefeitos está aberta.
por Fernando Duarte/ BN