Finalmente, o prefeito Herzem Gusmão Pereira anunciou a adesão à Policlínica Regionalde Saúde que está sendo construída pelo Governo do Estado da Bahia em Vitória da Conquista. O anúncio foi feito em discurso na abertura da Jornada Pedagógica da Secretaria Municipal de Educação, nesta segunda-feira (11) pela manhã. Herzem aproveitou a presença do cearense Casemiro de Medeiros Campos, professor e escritor que faria a palestra principal, para elogiar o Estado do Ceará. O fez duas vezes e nas duas buscou as referências do ex-prefeito Guilherme Menezes de Andrade e do governador Rui Costa Santos, ambos do Partido dos Trabalhadores, que teriam colaborado com a sua paixão pelo Ceará ao buscar, no caso do primeiro, a assessoria técnica do engenheiro Hypérides Macedo, também cearense, para a elaboração do projeto executivo da barragem do Rio Pardo, e, caso de Rui, ter ido buscar no Ceará o modelo da policlínica que vem sendo implantado em todo a Bahia.
As menções a Guilherme vieram no contexto da inovação e do avanço administrativo, que, segundo Herzem, são lemas do seu governo. Ele comentou sobre o que teriam sido boas escolhas de pessoas, feitas pelo seu antecessor e adversário, para a área da Saúde. Para Herzem, o ex-prefeito petista acertou ao buscar a ajuda do médico sanitarista Davi Capistrano, ex-prefeito de Santos e reconhecido como um dos nomes mais importantes na defesa do Sistema Único de Saúde, e de Jorge Solla, que foi secretário de Saúde em Vitória da Conquista de 1998 a 2002. Guilherme Menezes fez uma revolução na área da saúde, influenciando outras regiões, afirmou o atual prefeito, lembrando que ajudou o petista a chegar à prefeitura, em 1996, “ele com o PSDB, com Clóvis Assis”.
Guilherme também foi elogiado por ter feito retornar a Vitória da Conquista, em 1997, o professor Fernando Eleodoro, que tinha sido o secretário de Educação na administração de Jadiel Matos (1973-1977). Ele chamou à atenção de que foi na época de Jadiel e Fernando Eleodoro que se realizou o primeiro concurso público para professor em uma cidade do interior da Bahia. Herzem também lembrou que Eleodoro deu o primeiro emprego público a Guilherme, contratando-o para ser professor no povoado de Cachoeira das Araras, de onde, segundo Herzem, o ex-prefeito petista saiu para estudar em Salvador e se formar em Medicina.
Já prefeito, segundo Herzem, Guilherme Menezes teria ido ao Ceará, onde está o açude de Orós, que guarda mais água do que todas as barragens do estado da Bahia, à exceção de Sobradinho. Guilherme teria ido ver de perto a tecnologia de armazenamento de água desenvolvida no estado e de lá trouxe o engenheiro Hypérides Macedo, responsável pelo projeto da barragem do Rio Pardo – que Herzem pediu a Michel Temer que mandasse construir e agora vai fazer o mesmo pedido ao governo Bolsonaro. O prefeito disse que vai levar de novo a Brasília o projeto que Guilherme deixou porque, ao contrário de prefeitos que não dão continuidade ao trabalho do antecessor, ele reconhece a importância do que encontrou.
REVISÃO DAS DISTORÇÕES
Mas, foi no começo do discurso que Herzem fez promessa importante. Depois de dizer que a presidente do Sindicato do Magistério Municipal Público de Vitória da Conquista (SIMMP) falou como se estivesse numa assembleia, mas que aquilo era democracia que seu governo permite por ser o governo do diálogo, o prefeito afirmou que a jornada pedagógica é um divisor de águas e estabelece a reabertura das negociações com o Sindicato do Magistério Municipal Público de Vitória da Conquista (SIMMP).
Herzem convidou o vereador Coriolano Moraes, ex-secretário de Educação, a quem já tinha feito altos elogios, para participar, prometendo avaliar todas as reclamações do SIMMP sobre o funcionamento do setor e as relações coma categoria e trabalhar para corrigir as distorções, especialmente quanto ao pagamento do piso nacional da categoria, que o prefeito assegura que já cumpre. Para Herzem, o governo vem trabalhando no sentido de reparar possíveis distorções, ao implantar a meritocracia na secretaria “para que todos, principalmente aquele que querem produzir mais, possam ser alcançados”.
POLICLÍNICA GARANTIDA
O anúncio de que, finalmente, vai aderir ao consórcio da policlínica regional, depois de ter levado meses alimentando polêmicas que desgastaram a sua imagem pessoal e a popularidade do seu governo, foi feito também na esteira dos elogios ao Ceará. O prefeito de Vitória da Conquista começou falando que o governador Rui Costa e o secretário de Saúde, Fábio Vilas-Boas, descobriram o modelo revolucionário da policlínica existente no outro estado, que tem em Sobral uma unidade e o maior consórcio de policlínicas do Nordeste, e o importaram para a Bahia.
Foi a primeira vez que Herzem falou da policlínica sem reclamar do uso político, das festas de inauguração ou da escolha do presidente do consórcio, o prefeito de Belo Campo, José Henrique Silva, conhecido por Quinho. Informou que mandou uma equipe visitar as policlínicas de Guanambi, Jequié e Feira de Santana, e também levou técnicos a Sobral para conhecer o funcionamento dos equipamentos e poder decidir com segurança se faria ou não a adesão ao consórcio que gere a policlínica regional. Foi, então, convencido de que vale a pena participar, atendendo o desejo e a necessidade da população. A decisão, segundo ele, ainda é interna, o governo do Estado ainda não foi procurado, mas, o martelo já está batido.
“Já batemos o martelo e Vitória da Conquista vai aderir ao consórcio da policlínica que vem do Ceará”, afirmou Herzem Gusmão, sendo aplaudido pelos presentes à jornada pedagógica. Esta parte da fala, mostra que, se pode estar dando um sinal de mudança no modo de discursar e, talvez, de fazer política e gestão, Herzem não muda completamente. Aderir à policlínica é uma decisão importante e ficar de fora seria desastroso para o futuro político do prefeito, assim, pode-se dizer que ele mostra, ainda que tardiamente, bom senso e capacidade de voltar atrás positivamente. Mas, o detalhe do final da fala lembra que o radialista crítico ainda mora no prefeito: pode não ser mais a policlínica de Belo Campo, como ele chamava, entre as justificativas para manter Conquista fora do projeto implementado por Rui Costa, mas é “a policlínica que vem do Ceará”, não a policlínica do governo da Bahia.
Fonte: Blog do Anderson.