Dia da Consciência Negra é celebrado por Quilombolas em Vitória da Conquista

Mais de 40 comunidades quilombolas do sudoeste baiano se reúnem em Vitória da Conquista

O encontro aconteceu no sábado, 18, no bairro Cruzeiro. Os discursos enfatizaram a resistência negra e a negação de direitos ainda presente na sociedade.

Cultura, memória e resistência. Essas são as palavras que sintetizam o 9º Encontro das Comunidades Quilombolas, que aconteceu neste sábado, 18, em Vitória da Conquista. Organizado pelo Conselho das Associações Quilombolas do Território do Sudoeste Baiano, o evento reuniu lideranças de 42 comunidades no Colégio Diocesano, no bairro Cruzeiro. A programação contou com uma marcha, que saiu da Praça Guadalajara às 8h30, mesas de debate sobre os direitos dos povos tradicionais e apresentações culturais. A ação faz parte do calendário do novembro negro, mês em que se celebra o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

Uma mesa de abertura deu início ao evento, por volta das 9h40. Lideranças quilombolas, representantes de instituições da sociedade civil, além de deputados, falaram sobre as reivindicações das comunidades remanescentes de quilombos. “Mesmo com o fim da escravidão, ainda temos pessoas isoladas sem acesso à saúde, educação e direitos básicos”, destacou Domingos Lemos, presidente do Conselho Quilombola do Sudoeste Baiano.

A presidente da Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – subseção de Vitória da Conquista, Maria Aparecida Carvalho, ressaltou a gravidade do fechamento de escolas nos quilombos de Conquista. “Isso é inadmissível. A escola fala sobre as nossas raízes e sobre a nossa ancestralidade”, afirmou.

As falas foram intercaladas com intervenções culturais. Beco de Vó Dôla, Lagoa de Vitorino e Baixão foram algumas das comunidades remanescentes de quilombos que levaram música, percussão, dança e capoeira para o encontro. Além disso, se apresentaram grupo de Terno de Reis e outras tradições no Colégio Diocesano.

Palestra e atividades do encontro

A história e resistência dos povos quilombolas esteve presente não apenas nas apresentações culturais, mas também na palestra de Luiz Alberto Santos, ex deputado federal e militante do movimento negro. “Infelizmente, nós sofremos diversos ataques. Temos professores em sala de aula que são evangélicos, que não aceitam qualquer simbologia africana, um nome, um cabelo”, disse ao microfone.

Após o debate liderado por Luiz Alberto, todos os líderes das comunidades quilombolas presentes se reuniram à mesa para a realização de falas finais. Maria Aparecida Souza, de Lagoa dos Patos, enfatizou a necessidade de mobilização. Para ela, “nós precisamos pensar no que podemos fazer para continuar na luta e cada vez de uma maneira mais organizada”.

O evento também contou com barracas, onde foram vendidos produtos vindos das comunidades quilombolas, como feijão, melancia e mamão. Outra atividade instalada no Colégio Diocesano foi a feitura de tranças por moradores(as) do Beco de Vó Dôla.

Fonte: Conquista Reporter