O CONFLITO ENTRE OS ÍNDIOS MONGOIÓS E AS TROPAS DE JOÃO GONÇALVES

[Meados do século XVIII]

Nesta época em Rio de Contas
E também em Minas Gerais
Havia sido descoberto o ouro
E muitos outros minerais
Atraindo imigrantes e garimpeiros
E assim surgiram muitos arraiais

Entre os rios: Pardo e o de Contas
Viviam os índios Mongoiós
Os Botocudos temidos Imborés
Os Camacãs e os Pataxós
Além deles os índios Bugres¹
Que até hoje estão entre nós

Algumas tribos eram rivais
E uma da outra não podiam falar
Cada qual tinha o seu costume
E sua cultura particular
Viviam tranquilos e sossegados
Cada tribo em seu lugar

Dois bandeirantes portugueses
Receberam da província uma missão
Tomar essas terras dos índios
E povoar essa região
Abrir caminhos e estradas
Para ligar a capital com o sertão

E toda pedra preciosa
Que ali fosse encontrada
Seria levada ao governo
Para ser avaliada
E em troca lhes dariam títulos
E toda terra conquistada

E pra reforçar a segurança
Forneceu-lhes munição
Armas de todo o tipo
Para enfrentar a situação
Soldados os acompanhavam
Para uma maior proteção

O mestre-de-campo João da Silva Guimarães
Era o encarregado dessa missão
Comandava ao lado de seu xará
Que também se chamava João
Era João Gonçalves da Costa
O mais novo integrante da comissão

Eles reuniram as tropas
E partiram para cumprir tal missão
Subiram pelas margens do rio de Contas
Até a barra do rio Gavião
Subindo por este encontraram outro rio
Conhecido como Riachão

Era o Riachão do Gado Bravo
Que nasce em nossa região
Subiram o curso deste até a nascente
E ali acamparam por ordem do capitão
Pois ali bem perto estava
O alvo daquela missão

Eram os índios Mongoiós
Que por ali caçavam
E agora eram caçados
Pelos brancos que ali estavam
E esta visita inesperada
Os índios não esperavam

O sol já estava indo embora
E ali chegava o anoitecer
E todos ali na expectativa
Já prevendo o que ia acontecer
E assim ambos se encontraram
Já quase no amanhecer

Os índios lançavam flechas
Os bandeirantes tentavam revidar
Atiravam pra todos os lados
Tentando algum índio acertar
Mas os índios levavam vantagem
Por conhecerem melhor aquele lugar

O resultado deste confronto
Você leitor já deve imaginar
Eram mortos e feridos
Espalhados por todo aquele lugar
O sangue de ambos se misturava
E a luta não tinha hora pra terminar

Como a batalha se estendia
E a munição já estava pra acabar
João Gonçalves apelou para uma santa
Prometendo-lhe um altar
Que se eles tivessem ali a vitória
Construiria uma capela naquele lugar

A santa era Nossa Senhora da Vitória
E o resultado vou agora apresentar
Os brancos comemoravam a vitória
E quanto aos índios só nos resta lamentar
Pois além de perderem suas terras
Foram obrigados a trabalhar

Trabalhavam abrindo estradas
E outras coisas mais
Eram explorados e maltratados
Como se fossem animais
Viviam sob a mira das carabinas
E fugir era difícil demais

Após “conquistar” as terras dos índios
João Guimarães dali se despediu
Pegou suas tropas e seguiu viagem
E para o norte de Minas Gerais ele partiu
Deixando o comando para João Gonçalves
Que ali o substituiu

Por volta de 1765
João Gonçalves escolheu seu rancho para morar
Já casado e com alguns filhos
E alguns parentes para lhe acompanhar
Moravam mais ou menos umas 60 pessoas
Plantando e colhendo neste novo lugar

Este local era uma aldeia de índios
Era estratégico e tinha uma bela vista
Então João Gonçalves resolveu ali
Facilitar a vida do sertanista
Fundando ali o arraial da Vitória
Que é hoje Vitória da Conquista…

 

 

 

Gleudimar Ferreira Santos – (Gleuber Ferreira)
Genealogista e Pesquisador da História Regional
gleuberresolve@gmail.com / (77) 98844-4826