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Marina oficializa apoio a Lula e chama Bolsonaro de ‘ameaça das ameaças’

A ex-ministra Marina Silva (Rede) justificou hoje o apoio à chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), fechada ontem (11), porque o Brasil enfrenta uma ameaça à democracia, que é “a ameaça das ameaças”, por parte do governo Jair Bolsonaro (PL). A união foi sacramentada hoje em coletiva à imprensa em São Paulo.

Os dois se encontraram ontem na primeira reunião formal desde que a ex-ministra rompeu com o PT. Ela entregou um documento com 27 propostas voltadas ao meio ambiente, sua principal bandeira, e o apoio foi selado.

Ministra entre 2003 e 2008, quando deixou o partido por divergências internas, ela se separou definitivamente em 2014, com apoio ao deputado Aécio Neves (PSDB-MG) no segundo turno das eleições.

“Nossa responsabilidade com tudo que está acontecendo no Brasil nas diferentes agendas que estão sendo destruídas. As políticas públicas estão sendo destruídas”, declarou a ex-ministra, em entrevista coletiva.

“Esse é um momento muito importante da nossa trajetória. Estamos vivendo um reencontro político e programático. Do ponto de vista de nossas relações pessoais, tanto eu quanto o presidente Lula nunca deixamos de estar próximos.”

Nosso reencontro se dá diante de um quadro da história política, econômica, social e ambiental. Temos a ameaça das ameaças: ameaça à nossa democracia, com a corrosão do tecido social.”Marina, em apoio a Lula

A ex-ministra disse que manteve suas críticas ao PT, das quais também faz parte, mas que o momento pede união. “Sempre que surge a possibilidade de banalizar o mal, brasileiros e brasileiras devem se reunir em legitima defesa da democracia. Vamos caminhar juntos”, completou a ex-ministra, que começou o discurso agradecendo a Deus.

“Hoje é um dia histórico para o PT, para a nossa candidatura e para quem sonha em fortalecer a nossa democracia”, respondeu Lula ao afago.

Gleisi Hofman, Marina Silva, Lula e Geraldo Alckmin em entrevista coletivaImagem: Lucas Borges/UOL

Em tom semelhante, Lula disse que, apesar de divergências, os dois nunca estiveram muito distantes.

Condições

Na reunião ontem, Marina também entregou um documento com 27 propostas voltadas ao meio ambiente, presentes em sua candidatura à Camara, para serem assimiladas ao programa de governo. Entre elas estão:

  • Criar a Autoridade Nacional de Segurança Climática, “responsável pelo estabelecimento de metas e verificação da implementação das ações para a redução das emissões de gases de efeito estufa”;
  • Aplicar os “padrões internacionais de controle de uso de agroquímicos” no Brasil;
  • Garantir “oferta de internet rápida e energia renovável para agricultores familiares, indígenas, quilombolas, ribeirinhos e outras comunidades isoladas em todo o território nacional” até 2025;
  • Concluir a implementação do Cadastro Ambiental Rural até 2025.

Além disso, interessa a Marina a adoção de uma política de desenvolvimento sustentável no país, o que consta no plano do PT, com propostas de tolerância zero para garimpo, reformulação dos negócios na floresta, incentivo a indústrias mais compatíveis, como a farmacêutica ou de comércio, e a criação do chamado “crédito verde”, incentivo fiscal a empresas que atendam a regras ambientais instituídas.

“[No eventual governo,] não haverá politica de ministro. Nossa política ambiental será traçada de forma transversal. A politica será responsabilidade de todos, do presidente ao ministério menor.”, prometeu Lula.

“A coisa com o garimpo não terá, o desmatamento vai ser bloqueado. Vamos fiscalizar as fronteiras para combater o narcotráfico.”

Ganha-ganha

Com a formalização do acordo com Lula, a expectativa da Rede —partido fundado por Marina— é aumentar o número de parlamentares no Congresso com “puxadores de voto”. Nacionalmente, a integração da Rede à coligação em torno de Lula foi iniciativa do senador Randolfe Rodrigues (Rede), um dos coordenadores da campanha do petista.

O PT também prestigiou a Rede e o PSOL com a formação da política ambiental e de desenvolvimento sustentável no plano de governo de Lula, o que se soma ao desejo da candidata de reparar danos ambientais durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Rompimento. Marina assumiu o Ministério do Meio Ambiente em 2003, no primeiro mandato de Lula, e se manteve no cargo até 2008, quando saiu e alegou que os temas de sua pasta não eram prioridade no governo petista. Ela assumiu então uma vaga no Senado e, em 2010, começou a concorrer à Presidência.

A ex-ministra rachou definitivamente com o PT durante a disputa eleitoral de 2014 após as investidas das propagandas da campanha de Dilma Rousseff (PT) contra ela. Fora do segundo turno, apoiou Aécio Neves (PSDB) e cortou de vez os laços com o governo.
Anos depois do afastamento, o partido de Lula vinha tentado uma reaproximação com a candidata a deputada e, para as eleições deste ano, ela foi cotada como vice-governadora na chapa com o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) para o governo de SP. Ela acabou não aceitando e concorrendo à Câmara na intenção de puxar votos para a Rede.

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