Negócios

PARA CRIAR UM NEGÓCIO DE US$ 100 MILHÕES, ELA TEVE QUE SUPERAR UMA DIFÍCIL HISTÓRIA FAMILIAR

Durante a abertura do DWEN, Rosaline Chow Koo, fundadora da CXA Group, contou sua trajetória e revelou sua meta: chegar aos 60 anos no comando de um unicórnio

Uma startup inovadora, que usa inteligência artificial e análise de dados para revolucionar antigos processos e mudar a maneira como as grandes empresas se relacionam com as seguradoras de saúde em Singapura. Uma empresa que já atendeu mais de 600 clientes corporativos, atingiu a vida de 400 mil funcionários e alcançou o valor de mercado de US$ 100 milhões. Somente os dados acima já seriam o suficiente para inspirar empreendedoras no mundo todo. 

Mas ainda mais impressionante é a história de Rosaline Chow Koo, fundadora e CEO da CXA Group. Durante a palestra de abertura do do evento Dell Women’s Entrepreneur Network (DWEN), no início desta semana, em Singapura, Rosaline falou sobre sua trajetória e revelou sua principal meta: comandar um unicórnio antes dos 60 anos. “Já tenho 57, então tenho muito pouco tempo”, disse a CEO, diante de uma plateia lotada de empreendedoras e executivas de diferentes continentes .

O currículo impecável da fundadora inclui uma passagem de seis anos como líder da Mercer Marsh Benefits, quando coordenou negócios em 14 países e gerenciou os benefícios de mais de 400 funcionários, gerando um crescimento de 800% para os negócios. Mas, antes de chegar lá, ela teve que superar uma difícil história familiar.

“Aos 19 anos, meu pai deixou a China e embarcou em um barco com direção ao México”, disse Rosaline. De lá, seguiu caminho para São Francisco, onde viveu na clandestinidade por 40 anos. Aos 59, decidiu que queria ter filhos, mas não tinha intenção de se casar com nenhuma das mulheres que conheceu em Chinatown.

Decidiu, então, entregar-se ao governo americano. “Se fizesse isso hoje, seria deportado para o México. Mas, naquela época, meu pai conseguiu a cidadania”, contou a empreendedora.

Já como um cidadão americano, o pai de Rosaline foi até Hong Kong, onde conheceu sua futura esposa. De volta aos Estados Unidos, fixou-se no sul de Los Angeles, onde os preços das propriedades eram mais acessíveis. “Era a única família na região não formada por negros.”

Tumultos e decisões
“Depois que meus dois irmãos nasceram, minha mãe contou ao meu pai que havia deixado duas filhas na China comunista, para refazer a vida em Hong Kong”, disse Rosaline. Mais trade, suas duas irmãs viram viver com ela em Los Angeles.

A chegada delas coincidiu com os Tumultos de Watts, uma série de manifestações contra o racismo que foram sufocadas por 14 mil membros do exército da Califórnia. “Ainda lembro do ruído dos helicópteros e dos tiros. Minhas irmãs queriam voltar para a China, porque diziam que lá era menos violento.”

Anos depois, quando revisitou a vizinhança com o marido, Rosaline voltou a encarar a violência. Na ocasião, ele se recusou a deixar o carro após ver marcas de giz com o formato de um corpo no chão, e uma fita que cercava a cena de um crime.

Primeiros passos
O primeiro contado de Rosaline com outro tipo de realidade foi quando trabalhou como babá na casa de um empreendedor. Curiosa, perguntou ao patrão sua profissão. “Quando ele me disse que era engenheiro, decidi que era isso que ia fazer.”

Após o curso na Universidade da Califórnia, foi trabalhar em uma unidade da P&G no estado de Iowa, supervisionando linhas de montagem. “Eu era a pior gerente que já havia passado por lá”, afirmou. Mas, com o tempo, ganhou segurança e o respeito dos colegas. “Depois disso, decidi que precisava aprender sobre negócios para me tornar uma líder melhor.”

Depois de cursar a Columbia University em Nova York, ela trabalhou durante oito anos na Bankers Trust Company, onde exerceu oito funções diferentes, que foram da criação de novos produtos até o comando estratégico das operações.

Mas as coisas mudaram quando seu marido assumiu uma nova posição em Singapura. De protagonista de sua própria carreira, ela se viu como alguém que apenas acompanhava o marido e cuidava da filha do casal. Sem um emprego, ela acabou decidindo ter outro bebê.

Em 1999, a empreendedora investiu na startup de mensagens intantâneas de um amigo, a 2bsure.com, baseada em Kuala Lumpur. Depois, foi convidada pela empresa americana de investimento Bain Capital e pelo então presidente da Dell para se unir a outra startup: Netcel360, especialista em outsourcing.

Viajar todos os dias entre Singapura e Kuala Lumpur deixava Rosaline exausta e sem tempo para a filha e o bebê. Até o dia em que sua filha, então aos seis anos de idade, teve um ataque epilético. “Eu visitei a escola dela, mas eles não sabiam quem eu era porque eu nunca tinha ido à escola dela antes”, relembra.

Após fazer uma pausa na carreira para cuidar da saúde da menina, Rosaline descobriu que a filha vinha sofrendo mais com sua ausência do que ela imaginava. “Descobrimos que ela tinha um distúrbio de aprendizagem, que foi desencadeado pela falta de sono. Por quê? Porque seus pais estavam voando por todo o mundo construindo seus negócios.”

Ponto de equilíbrio
Nos meses seguintes, Rosaline fez de tudo para encontrar o equilíbrio. Achou uma escola especial, onde seus filhos puderam estudar juntos. E aceitou trabalhar em regime de meio período na ACE. Depois de três meses, foi convidada para comandar o escritório da empresa em Singapura. Na sequência, veio o convite para comandar a empresa em quatro países. A posição fez com que tivesse que lidar com empresas de seguros.

O resultado foi um convite para trabalhar na Mercer Marsh Benefits, onde passou a lidar dos os planos de saúde de 400 pessoas em 14 países, e fez a empresa crescer de maneira exponencial. Na época, ouvia muitas reclamações das empresas atendidas: elas queriam saber porque os planos de saúde eram tão caros, e porque não podiam personalizar cada plano de acordo com o funcionário.

Em 2013, já com 51 anos, ela fundou a CXA Group com um propósito simples: encontrar as respostas para as questões levantadas pelas empresas no seu emprego anterior. Para conseguir colocar de pé todas as inovações que criava, investiu R$ 5 milhões de suas próprias economias e outros R$ 5 milhões de um empréstimo pessoal.

Hoje, anos depois da saga que começou na migração de seu pai e resultou em seu negócio, a empreendedora mantém suas ambições afiadas para o futuro. Para quem superou um passado tão turbulento, a meta de chegar ao valor de mercado de US$ 1 bilhão em três anos não parece tão ambiciosa assim. As empreendedoras torcem por ela.

Fonte: revistapegn

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